"Eu quisera nascer num país em que o soberano e o povo só pudessem ter o mesmo interesse afim de que todos os movimentos da máquina tendessem sempre unicamente à felicidade comum".

Jean-Jacques Rousseau.

terça-feira, 1 de maio de 2012

Ser Jovem é um fenômeno natural/biológico ou cultural?

A idéia de ser jovem hoje está muito além do estado físico e/ou mental de um indivíduo. Ela está associada a uma esfera simbólico/ideológica. Todas as pessoas desejam ser jovem e aquelas que se encontram nessa condição se esforçam ao máximo para não deixá-la. Os gregos da antiguidade caracterizavam como jovens pessoas com até 40 anos de idade. Isso, porque para eles, o que importava era este estágio de preparação do indivíduo para a participação na vida pública – política. Após a segunda guerra mundial, com o desenvolvimento dos meios de comunicação de massa, a imagem jovial tornou-se uma marca a ser consumida por todos os cantos, principalmente dos países capitalistas. Por muito tempo ficou muito bem definido quem eram as crianças, os jovens, os adultos e os idosos. Em nossos dias, percebemos que as crianças já não mais querem sê-las. Estão por todos os cantos marcadas pelas maquiagens, calçados, roupas e objetos que simbolizam a maturidade ainda distante. Basta em uma turma de ensino fundamental ousar a dizer: “muito bem crianças vamos iniciar nossa aula...”, a reprovação é total por parte dos alunos. Nessa mesma direção encontram-se os adultos. Estes, por sua vez, enxergam o envelhecimento como um mal a ser combatido com todas as forças materiais e imateriais possíveis. No Brasil, segundo dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, o número de cirurgias no ano 2000 atingiu cerca de 350 000 ultrapassando os EUA que sempre se apresentou a frente deste quadro. Somente no ano passado cerca de 650 000 cirurgias foram realizadas por questões meramente estéticas. Isso significa dizer, aproximadamente, que de 10 000 habitantes do Brasil cerca de 207 já realizaram alguma desta operações cirúrgicas. Por volta dos anos 60 comemoramos entusiasmados com o crescimento do número de televisores que chegavam cada vez mais nas casas dos trabalhadores. Porém, o que não percebíamos é que estas seriam as mais eficazes ferramentas a serviço da uniformização dos hábitos e gostos das pessoas. Não posso deixar de ressaltar um fragmento da música admirável chip novo da cantora Pitty onde diz “lá vem eles novamente eu sei que vão fazer... reinstalar o sistema!”. Houve um tempo em que chamar uma pessoa de senhor ou senhora era muito bem visto pelo fato de transmitir respeito. Em nossos dias, tal tratamento é passível de ser entendido como mau trato chegando até mesmo a gerar desentendimento. Vivemos em um tempo em que os comportamentos são ditados pelos meios de comunicação – mídia, onde quem não segue tais padrões são discriminados. A mídia voltada para o público jovem está presente nos anúncios de roupas, calçados, bebidas, carros, bancos, etc. Isso porque, direta ou indiretamente tais anúncios acertam em cheio uma massa/amálgama que busca encontrar na ideia de ser jovem a realização de um estereótipo.

Um comentário:

  1. Muito bom o texto.
    É exatamente isso que vivemos na atualidade.
    Preciso fazer uma redação sobre o controle exercido pela mídia sobre a população e irei usá-lo como base.
    Amei o blog, tá ficando cada dia melhor!!

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