"Eu quisera nascer num país em que o soberano e o povo só pudessem ter o mesmo interesse afim de que todos os movimentos da máquina tendessem sempre unicamente à felicidade comum".

Jean-Jacques Rousseau.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

A Sociedade Contemporânea e a reprodução de valores.

Um dos grandes problemas que emperra o amadurecimento da humanidade, em certa medida, é a valoração que atribuímos às nossas ações. Habituados ao dia a dia do sistema capitalista aprendemos a dar significado econômico até mesmo nas ações mais simples. Dominado por um modelo de comportamento globalizado, o homem deixou de pensar seu entorno, observar os problemas que o cerca e ainda, buscar alternativas que visem à melhoria do próprio convívio social.
Pensar em questões como os valores, a família, a tolerância, a educação passam a compor uma gama de coisas consideradas “sem utilidade na vida”. Como disse o Sociólogo alemão Herbert Marcuse em seu livro O homem Unidimensional, “o homem está entorpecido pelo trabalho”. A busca por uma vida repleta de valores materializados e insígnias que transmitam pelo menos a aparência de uma vida de sucesso econômico passou a ser o primeiro mandamento na cartilha do homem contemporâneo. Esse homem, que acredita possuir uma liberdade nunca antes experimentada, passou a compreender a felicidade como algo contido nos objetos. Na medida em que estes objetos vão envelhecendo, nos tornamos novamente infelizes. E como resgatamos tal felicidade? Indo novamente as compras.
Incorporamos assim, um sistema de reprodução destes valores de consumo e fomentação do sistema que, cada vez mais, nos engole. Nosso próprio sistema educacional está diretamente ligado a reprodução destes valores. É nítida a aversão dos educandos assuntos que perpassam por questões que não apresentam um caráter cumulativo/econômico. Basta tentar promover um debate em grupo sobre, por exemplo, ética. É claro que questões como esta possuem outros fatores que não nos cabe discutir neste momento. O fato é que, o mundo contemporâneo tem como marca d água a efemeridade. Nessa perspectiva, as futuras gerações estão sendo educadas com métodos que não mais atendem a demanda do mundo atual. Se pretendemos construir uma sociedade que inclua e aceite as diferenças pautadas em valores recíprocos, é preciso mudar a formar de valorizar nossas ações.

Alison Nunes.

2 comentários:

  1. O sistema capitalista é um agente determinista no qual já estamos acostumados (obrigados) a viver. O simples fato de ter de pagar pelo que consumimos nos faz agregar valores a tudo que é material e assim dando mais importância aos mesmos às coisas que só fazemos diante necessidade como consultas (médicas, psiquiátricas), estudos, os quais sempre tentamos burlar (julgando-nos superiores)e enganar, afirmando não ser necessário, ou simplesmente fingindo não existir, só pelo fato de isso não nos dar um retorno material.

    Claro que em meus meros 18 anos de existência já tive influência do sistema do capital, e seria louco se me auto-definisse cem por cento anticapitalista: estou à frente de um computador neste exato momento, e confesso que não o consegui na base de troca.

    Gostaria de terminar meu humilde texto com um reflexão: é possível, inserido no sistema capitalista e dentro da realidade social, o homem passar a dar um pouco mais de valor à ética, moral, e respeito mútuo já que o mesmo está acostumado a viver naquele meio onde a maioria são pessoas que nos ensinam a, de certo modo, pensar em nós mesmos, e que mesmo tendo vontade –assim espero- de nos tornarmos mais humanos ficamos com certo receio devido ao medo de deixar o capitalismo e suas regalias ou simplesmente o fato de ao fazermos essa mudança nos isolarmos do restante da “sociedade”.

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    1. Olá Arthur,

      de ante-mão gostaria de agradecer por ter postado um comentário.

      Em se tratando de sua observação gostaria de salientar que concordo em parte com suas observações. A problemática apontada por você, a meu ver, é um dos grandes desafios que enfrentamos. Não sou nenhum marxista ortodoxo, entretanto, algo me preocupa bastante nos dias de hoje. Trata-se baixo nível de solidariedade existente nas relações. Refiro-me a maior importância atribuída aos objetos do que aos próprios indivíduos. Assim como você sustentou, desprendermo-nos deste sistema seria um "suicídio social". Todavia, entendo que não podemos aceitar sem questionamentos um tipo de comportamento em nossos jovens que promove um baixa integração entre os membros a partir de referências materiais. Em outras palavras, não posso aceitar que um aluno em um ambiente escolar seja primeiramente julgado por seus colegas a partir do tipo de roupa que veste ou tênis que calça. Penso que é possível promover valores realmente significativos a partir de ações como essas.

      Valeu meu caro, um abraço e até mais.

      Alison Nunes.

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